Eyaculación Post-Mortem é uma banda espanhola, formada em 2001, fortemente influenciada por Horror Punk, eletrônico, New Wave, Gótico e Trash. Trazem em suas composições elementos sombrios e de humor negro, além de serem caracterizadas pela introdução de sonoridades de filmes B em suas gravações.
Iniciaram o projeto de forma totalmente independente - e assim ainda seguem - como forma de oposição ao sistema que os reprimia em todas as suas expectativas de vida, sonhos, gostos e vocações.
Em 2002, foi lançado o primeiro álbum "La Oscura Hermandad, produzido por "La Oscura Ceremonia", local de produção e grupo (ou irmandade, como eles chamam) pertencente a banda desde a sua criação.
Logo em seguida começaram as primeiras apresentações, que levou a produção de mais cinco álbuns: De los Muertos y su Costumbres (2003), El Analizador de Espectros (2005), Temblad Temblad Malditos (2007) e Viva La Muerte (2011).
Formação Atual:
J. Oskura Nájera
Guatxo
Travid Cruel
Aaron Fecal
O Auto-Suficiência Death Rock realizou uma entrevista pra conhecer melhor a banda.
Confira!
ASDR -
Conte-nos um pouco sobre o inicio da carreira da EPM.
J. Oskura - No início não havia
intenção de criar uma banda, era apenas um projeto caseiro, onde pretendíamos
gravar amostras sonoras retratando nossas queixas e lamentos sobre a situação
social e trabalhística que estava literalmente destruindo o sentido de nossas vidas.
Por sua vez nós éramos um grupo de amigos com diferentes estilos artísticos,
mas todos nós nos identificávamos com o gênero de horror e paranormal. Até
então eu já havia acumulado experiências em bandas anteriores e só queria criar
um projeto dedicado a retratar sons intimistas sem qualquer intenção de levá-lo
vivo. Mas para surpresa de todos começamos a receber propostas para
apresentações enquanto saia à primeira "demo" e então surgiu a idéia
de transformar essas gravações num show que pudéssemos fazer com a ajuda dos
membros do nosso grupo de amigos que chamamos de "La Oskura
Hermandad".
A partir daí, segui gravando os discos seguintes em particular, num
local que chamamos de "Lúgubres laboratórios de la Oscura Ceremonia",
já que a Eyaculacion Post Mortem nunca gravou ou compôs num estúdio de gravação
externo. A razão disso é que só é permitida em tais gravações a minha presença
como uma ponte de canalização psíquica com as entidades associadas ou a
presença de membros da nossa paróquia.
ASDR – Quais são as maiores influências musicais da banda?
J. Oskura - É uma pergunta muito
difícil, realmente nos interessa tanto canções, bandas, artistas ou álbuns de
períodos que abrangem muitos estilos. Mas entre nossas referências são as
trilhas sonoras de filmes de terror, especialmente entre os anos 40 e 80, desde
os compositores das trilhas sonoras do filmes até os temas de bandas que
colaboraram, especialmente na década de 80, bandas desde Punk ao New-Wave,
Heavy Metal ou Thrash.
ASDR – Quem geralmente compõe as musicas e qual é a maior inspiração
para compor?
J. Oskura - A maior inspiração é
geralmente o uso de uma arma completamente livre, a liberdade de expressão.
Todos têm direito a ela embora muitas vezes o sistema ou as pessoas mais
reprimidas queiram nos fazer acreditar que não. De modo geral, quanto mais
difícil seja dizer o que se pensa ou quanto mais tentam fazer-nos silenciar,
maior será nossa inspiração.
ASDR – Quando e por que surgiu o gosto pela temática “Horror”?
J. Oskura - É algo bem antes da formação da
Eyaculacion Post Mortem, nossas mentes doentes sempre tiveram uma queda por
monstros, fluidos viscosos, sangue e pelo paranormal, somos fãs do gênero
horror. Além disso, ao longo dos anos, tem sido a nossa devoção e dedicação ao
gênero de horror que nos permitiu o afastamento de um modo de vida que estava
destruindo nossas esperanças. Nossa dedicação agora é criar algo que neste país
de merda não existe e que nos mantém afastados de um sistema que há muitos anos
não acreditamos e que a maioria parece se conformar. Nós preferimos dedicar
nossas vidas ao gênero de horror, que nos faz sentir realizados fazendo filmes,
música ou eventos, onde se pode expressar livremente a nossa demência, sem que
precisemos ser aceitos por uma sociedade 20 vezes mais doente que nós.
ASDR – Devido às músicas "Quiero ser párroco" e "Dejad que los niños se acerquen a él", por exemplo, a banda mostra uma postura de oposição
ao Cristianismo. Por quê?
J. Oskura - Geralmente nossa crítica mais ácida é
com a Igreja Católica já que em um país com um reino católico como o nosso é a
qual conhecemos melhor e, com a que temos que conviver. Não devido a sua fé
cristã, mas sim pela sua doutrinação. São como políticos, eles criam regras e
leis para somente eles serem beneficiados e então criam milhares de desculpas
para justificar-se. Políticos inventando desculpas legais e católicos novas
regras controladoras, é algo que Igreja de mãos dadas com a política sempre
tem feito. Punindo o povo para enriquecer as suas custas usando a ferramenta do
medo. Eu sinceramente acredito que se houver realmente um crente na palavra de
Cristo, este deve estar a quilômetros luz de todo esse sistema, e como
defensores da liberdade de expressão, tachados de blasfemes e doentes, somos
inimigos total de círculos religiosos da luz e especialmente de seus
mensageiros.
Atualmente, todos os cidadãos do nosso país contribuem com cerca de 260
euros por ano a Igreja, seja católica ou não. Isso perfaz um total de cerca de
11 milhões por ano entre os subsídios e isenções fiscais num momento em que
milhares de espanhóis estão ficando sem trabalho, sem casa e cortes na saúde e
educação, bem como o aumento histórico de impostos.
Então você pode imaginar como o catolicismo é importante até mesmo para
aqueles que não professam a mesma fé, e contando que se fosse por eles, uma
banda como a Eyaculacion Post Mortem nunca deveria ter o direito de existir.
ASDR – Como é a Cena na Espanha? Há produção de zines?
J. Oskura - Nos últimos anos, a cena da Espanha tem
sido realmente fraca, se considerarmos como cena aquelas bandas amantes do
terror, tanto na cena gótica mais post punk, como no punk, na garage e rock'n'roll.
A droga dos anos 90 foram um desastre e a música chamada
"alternativa" destruiu o que era na década de 80 uma fonte musical
interessante. Mas a partir de 2000 em diante novas propostas surgiram, embora
eu fale na verdade de um total de cerca de 20 bandas de todo o país que
permanecem ativas hoje em dia, e eu acho que é muito pouco, portanto há muitos
poucos zines dedicados e cena musical em Barcelona. Embora por outro lado,
felizmente, há uma grande produção de zines dedicados ao cinema do gênero ,
você pode encontrar muita variedade para escolher e é um elo comum a todos os
amantes do terror, como muitos desses zines são criados por membros de bandas
como Motorzombis, Assesina Nikotina ou nós mesmos, pobres ejaculadores. De
qualquer forma estamos em um momento de mudança e parece estar novamente
surgindo novas bandas e propostas realmente interessantes. Em geral maus
momentos são bons para a expressão criativa.
ASDR – Vocês te curiosidade de conhecer a cena brasileira? Como apresentarem-se no maior festival do Brasil, o Wood Gothic Festival, por
exemplo.
J. Oskura - É claro que estamos interessados em
conhecer pessoalmente a cena no Brasil, desejamos tanto profissional, como
pessoal também. Mas até agora não se tornou possível, espero que aconteça num
futuro próximo.
ASDR – Quais são as novidades que a Eyaculacion Post Mortem pode
adiantar aos fãs brasileiros?
J. Oskura - Estamos atualmente envolvidos na edição
de um vídeo da performance que realizamos este ano em Barcelona, que chamamos de
"Baño de Sangre", que batizamos com a ajuda de todos os nossos
paroquianos que assistiram a nossa cerimônia. Um concerto em que o nosso
público foi batizado com mais de 150 litros de sangue. O vídeo será lançado em
DVD nos próximos meses, ainda sem data exata. Mas provavelmente uma edição
limitada com um pequeno número de cópias.
Se vocês quiserem saber mais sobre a banda, acessem a Página Oficial dos caras:
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