quinta-feira, 8 de novembro de 2012

THE KNUTZ

A banda The Knutz, que já em seu álbum de estreia conquistou reconhecimento na cena gótica internacional, rendendo-lhes inclusive apresentações europeias, há tempos vem figurando como uma das bandas de maior destaque na cena nacional. Em 2010 lançaram seu álbum mais recente, Ghost Dance Party, e o trabalho não para por aí, eles acabaram de lançar seu novo clipe, Heaven Outside The Mirror.

Influenciados por David Bowie, Sex Pistols, Bauhaus, U2 e The Cure, os integrantes Daniel Abud (vocal/guitarra), Tiago Abud (baixo) e Airton Silva (bateria) criaram no álbum Ghost Dance Party, além da estética e performances obscuras, músicas dançantes, passando pelo rock alternativo, sugerindo ao mesmo tempo um ambiente fantasmagórico, incluindo timbres eletrônicos e guitarras distorcidas. Apostam em novos projetos, incluindo composições inéditas e apresentações no exterior.

O ASDR realizou uma entrevista para conhecer um pouco mais da banda.




ASDR - Em entrevista ao blog “Let It Roll” em agosto deste ano, quando perguntado sobre as experiências adquiridas em turnê européia, vocês afirmaram que foram bem instalados durante a estadia da banda e que as produções foram de alta qualidade. Mas qual foi o sentimento de tocar na Europa, comparando ao Brasil, que não incentiva e não valoriza artistas originais? 
TIAGO ABUD - Culturalmente, há um incentivo muito grande aos artistas na Inglaterra. Os ingleses têm o hábito de sair na noite para ouvir bandas novas, com um som próprio. E as casas de shows, inclusive as menores, têm uma estrutura impecável quanto ao som e ao conforto dos ouvintes, o que desperta o interesse do público. Nos locais em que tocamos, já passaram por lá grandes nomes da música inglesa, como Oasis, Muse e Coldplay, mostrando mais uma vez o nível organização dessas casas.

ASDR - Vocês perceberam alguma reação de surpresa, da parte do público europeu, em relação a vocês serem brasileiros ou a ideia de que no Brasil só existe samba já foi descartada?
TIAGO ABUD - Eu achei que o público foi muito receptivo nesse sentido. Fomos tratados como uma banda local por onde passamos.

ASDR - Bandas que apenas tocam covers, de fato, contribuem a não valorização da musica como profissão. Vocês acham que este “costume de covers” concretiza ainda mais a ideia de que os brasileiros valorizam mais bandas estrangeiras do que as nacionais?
TIAGO ABUD - Não vejo problema em valorizar o que vem de fora. Também não gosto muito da idéia de bandas covers de conjuntos brasileiros, no sentido de produzir a arte em si. Fazer uma homenagem ou outra à alguma banda grande, não é problema algum. Mas o que se vê no Brasil, é a valorização do cover em detrimento ao autoral. "Por que apostar no novo se o velho funciona?"

ASDR - Compor em Inglês é crucial?
TIAGO ABUD - Não. Nós compomos em inglês porque achamos que combina com o nosso som. No nosso álbum "Ghost Dance Party" por exemplo, temos uma faixa em português. Não vemos problema em compor em português, só achamos que o nosso som funciona melhor, na maioria das vezes, com o inglês.

ASDR - Vocês já devem ter respondido milhões de vezes sobre quais são suas influências musicais. Mas o que mais influencia na hora de compor? 
TIAGO ABUD - A inspiração inicial é sempre algo do momento. Vem após ver algum filme, ouvir alguma música... Também há aquelas músicas que começamos a compor durante uma "jam" no ensaio. Mas passada essa inspiração inicial, o que prevalece até terminar a música é a dedicação e o foco mesmo.

ASDR - Vocês conseguem definir o som da The Knutz num único gênero ou acreditam que artistas não devem se prender a isso?
TIAGO ABUD - Sempre tentamos dar uma dinâmica às nossas músicas para que não fiquem muito parecidas e não se limitem a um único gênero. Por isso, eu tento sempre colocar que somos uma banda de rock, apesar de estarmos incluídos no cenário gótico internacional.

ASDR - A banda foi incluída no livro “Music To Die For", do escritor inglês Mick Mercer, além de toda a repercussão em rádios e revistas europeias. Como não deixar o sucesso subir a cabeça? 
TIAGO ABUD - Bem, temos alguma visibilidade no exterior sim, mas isso não nos faz famosos nem nada do tipo, e temos consciência disso. Sabemos que ainda temos muito a crescer com a banda. O que estamos fazendo nesse momento é ter os pés no chão, nos concentrando nas músicas novas.

ASDR - Muitas bandas que se destacam no cenário internacional, afirmam que,quando iniciaram suas carreiras, não esperavam que alcançassem sucesso e que apenas tocavam por diversão ou passa-tempo. No caso de vocês, inicialmente, segue esse modelo também ou a música sempre foi um objetivo concreto? 
TIAGO ABUD - Nós tocamos porque gostamos, disso não temos dúvidas. Contudo, sempre tentamos encarar a banda como algo mais, além de um passa-tempo. Nada do que conseguimos até agora com a banda foi por acaso. Mas como disse, temos noção que ainda falta muita coisa para conquistarmos com a banda.

ASDR - Com que banda ou artista vocês ainda não tiveram a oportunidade de dividir o palco, mas gostariam?
TIAGO ABUD - Ainda faltam muitas bandas para dividirmos o placo: The Cure, U2, Specimen, Garbage, Muse... Tem tanta gente boa aí na ativa... Quanto às bandas brasileiras, é sempre um prazer tocarmos com Elegia e Plastique Noir =)

ASDR - Várias bandas, com o passar do tempo, já tentaram inovar, alterando tanto características sonoras, quanto estéticas e acabaram não tendo suas novas fases aceitas pelo público. Afinal, artisticamente (e comercialmente, talvez) falando, é mais válido fazer músicas "para vocês" ou para as pessoas?
TIAGO ABUD - O que tentamos fazer é compor um álbum da melhor forma possível. Acredito que se produzirmos um ótimo CD, a ponto de nós da banda gostarmos muito, vários ouvintes fatalmente curtirão o trabalho. Em outras palavras, os conceitos "artístico" e "comercial" acabam se misturando, pois à medida que tentamos fazer algo bom e único artisticamente, e as pessoas passam a curtir, o material se torna vendável, e por tanto, comercial.

ASDR - Vocês certamente já observaram várias fotos do decorrer das carreiras de artistas e bandas que são influencias para vocês. Pensando nisso, vocês se imaginam há daqui 20 anos?
TIAGO ABUD - Não dá pra sabermos o que acontecerá daqui a 20 anos, mas esperamos continuar tocando com a banda até lá.

ASDR - Quais são as expectativas para a apresentação no Wood Gothic Festival? 
TIAGO ABUD - O Wood Gothic é um festival que vem crescendo com o passar dos anos. Tenho certeza que o do ano que vem será ainda melhor do que o da última vez que tocamos lá.

ASDR - Uma pergunta clichê. Como vocês enxergam a cena gótica nacional atualmente? 
TIAGO ABUD - Acredito que o cenário de rock underground como um todo está carente de bons eventos e casas de show de qualidade, assim como incentivos governamentais. Por outro lado, cada vez mais vão se formando novas bandas, ainda mais com o desenvolvimento tecnológico dos dias atuais, o que facilita a gravação e difusão de novas músicas. Dessa forma, o que se constata, é que há bandas de mais e apoio/estrutura de menos no Brasil para toda essa demanda.
Ainda, diferentemente do que falei sobre a Europa, aqui se dá muitas vezes mais valor aos djs e bandas covers do que aos trabalhos autorais que estão surgindo. Desse jeito fica difícil de se criar coisas novas.

ASDR - Algo a dizer aos fãs?
TIAGO ABUD - Estamos trabalhando em novas músicas para um novo álbum. Em breve, esperamos voltar aos estúdios pra gravá-lo!
Fiquem atentos! Muito obrigado pelo apoio! Abraços!!

Vídeo-Clip "Heaven outside the mirror" - The Knutz


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